O vigor do primeiro vem por último. Esta afirmação não fala do tempo numérico mas da maturidade do pensamento. Do mesmo modo não fala de qualquer pedantismo sobre ser melhor mas do sentido primeiro. Assim, dilema dissonante surgiu para mim como um sopro, somente a necessidade de um nome aliada a uma mente nada criativa. Neste pequeno espaço de tempo em que me dedico a escrever aqui este nome vem ganhando sentido.
Escrever é urgente e representa, em sua plenitude, um apelo além da razão. Enquanto apelo é inexorável e, por isto, tem o potencial para abrir um caminho. O dilema, portanto, salvaguarda o pensamento por que revela aquilo que sempre se mantém encoberto ele é, por assim dizer, clareira enquanto a dissonância, por assim dizer, é o bruxulear desta clareira, ou seja, um estabelecer do caminho que em cada momento se revela e se esconde.
O apelo da escrita se revela, neste sentido, dilema dissonante. Isto significa abertura de um caminho do pensamento que sempre se move em direção àquilo que está encoberto. O encoberto é aquele que ainda não foi tocado pela verdade. As palavras constituem o universo da verdade, ou seja, elas liberam o desencobrimento daquilo que está encoberto. Este liberar é a manifestação mais visível do apelo da escrita.
Nesta liberação produz-se o sentido para as coisas, de forma que, em última instância, o apelo que a escrita me propõe é buscar um sentido. Isto determina o caráter do meu escrever, não pretendo dar notícias mas atender ao desafio provocador de buscar um sentido, compreender.
Este apelo nos cala diante da verdade mas libera o caminho de sua procura, ou seja, tem o poder de nos tornar clarividentes. Por isto é que não se pode falar de perfeição ou final mas tão somente de procura e de clareira. Por outras palavras, a clarividência é a propriedade daquele que vê a mútua pertença entre luz e sombras, desencobrimento e encobrimento.
O que interessa não é atingir a verdade, como valor absoluto do correto, mas sim como revelar-se de um mundo novo, um novo olhar. Para isto vale ir dos cofins da abstração até a materialidade mais prosaica desde que isto sirva ao intuito do apelo, qual seja, o reencontro com o nosso próprio eu individual e social.
O dilema dissonante não o é por que está em dúvida ou por que difere do usual mas sim por que ele segue o farol, sempre aceso, que o questionamento representa. Por isto é que pode ao menos tentar responder ao apelo da escrita que nos conduz a instaurar o real por meio de palavras e lançar luz em nosso próprio existir.
Este é seu manifesto, espero que em 2011 ele possa realizar mais pequenos feitos, como o de anteontem de atingir 140 visitas num dia, e, mais que isto, tocar de fato as pessoas não para apontar o caminho mas convidá-las a abrir o seu.
Feliz 2011
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