segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Nota sobre a a transição

A transição do governo Lula para o governo Dilma, como era de se esperar, ocupa um espaço relevante neste período de entre safra política. O teor das informações, contudo, varia entre a composição do ministério e as tentativas de impor uma agenda regressiva para o Brasil.

Neste último aspecto, uma das táticas mais utilizadas é a de fazer pairar por trás da Presidente eleita uma suposta dívida de gratidão inapelável que teria de ser paga ao Presidente Lula, sob o pretexto de que a eleição de Dilma se deve só a ele. Desta forma condiciona-se o ganho de capital político da Presidente à desvinculação do atual Chefe do Poder Executivo e, conseqüentemente à adoção da agenda neoliberal, que é vista também como a única possível.

Estes argumentos explicam a estratégia de colocar na conta do Presidente Lula a manutenção de nomes do atual governo. Ignora-se, portanto, o fato de que o governo Dilma será de continuidade do de Lula e, mais especificamente, do projeto de Brasil aprovado em 2002. Assim, apesar do prestígio do Presidente Lula, a autoridade de Dilma não é diminuida pela manutenção de alguns ministros, trata-se somente de dar continuidade a um projeto eleito por vontade do povo brasileiro e não de qualquer cacique ou coronel.

Neste sentido, o que importa não são os nomes mas acontinuidade do projeto que antes foi representado na figura do Presidente Lula e, apartir de 1º de Janeiro de 2011, será representado pela Presidente Dilma. Inclusive, a cautela utilizada na condução da transição, provavelmente a mais tranqüila desde 1988, já sinaliza que todos no governo deverão estar em sintonia com o programa aprovado nas urnas.

Este, devo ressaltar, não é inequívoco e, por conta do amplo espectro de forças políticas, estará sujeito a disputa acerca de seus conteúdos práticos. Contudo, seu desafio não virá da influência ou não do Presidente Lula, mas sim pela capacidade de estabelecer compromissos dentro da base de sustentação  para que sejam enfrentados os grandes desafios que se colocam diante do Brasil e, com isto, possamos prolongar este período de crescimento econômico com ampliação de direitos individuais e participação democrática.

Não se trata, por fim, de negar o papel do Presidente Lula na democracia brasileira ou sequer no governo Dilma porém será esta e não aquele o fiador das esperanças do povo brasileiro nos próximos 4 anos.  De modo que competirá a Dilma garantir, independente de nomes, a manutenção do ciclo virtuoso em que o Brasil entrou em 2002 e os avanços democrátios. Por estas razões, é que se deve rejeitar qualquer mistificação em torno do assum composição de ministério que oriente o debate para uma democracia em que nomes representam mais do que programas. 

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