quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ode ao pensamento

O questionamento sobre o que é e para que serve o pensar foi progressivamente substituido por uma forma de ascetismo que incorporou todas as formas de produção da verdade, este é o ascetismo da técnica. Sob sua égide o livre pensar viu-se submetido as exigências cada vez mais prementes de uma modernidade técnológica centrada na eficiencia e na produção de bens de consumo.

Assim, o renascimento do humanismo, das letras e da razão que havia retirado a tutela do saber de dentro das bibliotecas monásticas e o levado novamente a praça pública, como bem simbolizado pelo “Discurso sobre as origens e os fundamentos da desigualdade entre os homens” de Rousseau, viu suas luzes serem cada vez mais obscurecidas pela apropriação do homem e do mundo pela técnica. Nesta apropriação, o sujeito e seu pensar nada importam e, por óbvio, também não importa o livre pensar.

O livre pensar, contudo, não foi destruído ou derrotado não há equívoco maior que considerar a morte da filosofia como real ou iminente. Esta, em sua forma auto reflexiva, dormita como um gigante no seio de nossas construções culturais que podemos enganar, mas não negar.E, sair deste engano, é o maior desafio existente no Brasil hoje.

Isto por que só há filosofia e só livre há pensar onde há diálogo e é a partir deste que se colocam as condições necessárias para a apropriação e reconstrução do ser social Brasileiro. Agora temos condições de romper com o homo cordialis de Sérgio Buarque e criarmos uma nova identidade de cidadão brasileiro.

Este é o desafio colocado pela terceira eleição consecutiva do campo popular. Continuar o processo da construção de condições para que as pessoas possam aceder a cidadania enquanto inicia-se o processo de emancipação do povo brasileiro pela construção de espaços de participação popular. Acima de tudo será por meio da participação que poderemos definir os conteúdos concretos de nossos conceitos abstratos como dignidade humana, liberdade de imprensa e outros.

Portanto, o fato concreto é que neste momento está sendo preparado um campo de batalha em que nem mesmo o comprometimento com a manutenção da identidade atual forjada por pessoas que se apropriaram do saber do povo poderá ser escondido ou tergiversado, ou seja, nem mesmo a ideologia anti-ideológica positivista será capaz de se esconder. Seus ideólogos bem o sabem e já se postam às portas de seus donos como cães de guarda esperando o momento de atacar.

Mas algo mudou, agora nós, livres pensadores, começamos a sair de nossas tocas e voltar ao nosso local de origem, a praça pública. Já não aceitamos mais os rigores da técnica e nos voltamos aos argumentos, abdicamos da postura  de Rainha da Inglaterra sempre indiferente e sentimos o chamado para fazermos algo, dizermos algo, afinal “é sempre nos tempos de grande perigo que surgem os filósofos”.

Este texto é um pequeno cumprimento ao mais novo blogueiro progressista do Rio de Janeiro Allysson Lemos que escreve no www.sinalpreto.blogspot.com

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