domingo, 12 de dezembro de 2010

Wikileaks: Vaticano negou-se a cooperar com investigação sobre abuso sexual de crianças

Texto traduzido do The Guardian

O Vaticano se negou a permitir que oficiais testemunhassem perante uma comissão irlandesa que investigava o abuso sexual de crianças realizado por padres e, ainda, ficou irritado quando estes oficiais foram convocados de Roma, é o que revela documentos da embaixada americana liberados pelo Wikileaks.

Pewdidos de informação realizados pela Comissão Murphy sobre abusos físicos e sexuais realizados pelo clero “ofendeu muitos no Vaticano” que acreditam que o governo irlandes “falhou ao proteger e respeitar a soberania do Vaticano durante as investigações”, diz um telegrama.

Apesar da falta de cooperação do Vaticano, a comissão foi capaz de comprovar muitas das acusações e concluiu que alguns Bispos tentaram encobrir os abusos sexuais, colocando os interesses da Igreja à frente do das vítimas. Seu relatório identificou 320 pessoas que reclamaram de abuso sexual entre 1975 e 2004 na Arquidiocése de Dublin.

Um telegrama entitulado “Escândalo do abuso sexual estremece relações entre Irlanda e Vaticano, enfraquece Igreja irlandesa e impõe desafios para a Santa Sé” afirma que oficiais do Vaticano também acreditavam que a oposição irlandesa estava “fazendo uso político” da situação ao exigir publicamente que o governo demandasse uma resposta do Vaticano.

Em última instância, O Secretário de Estado do Vaticano, Cadeal Tarcísio Bertone (equivalente ao primeiro ministro), escreveu à embaixada irlandesa ordenando que todas os requerimentos relacionados com a investigação deveriam ser realizados pelos canais diplomáticos.

No telegrama Noel Fahey, o embaixador irlandes na Santa Sé, disse à diplomata americana que o escândalo sexual no clero foi a mais difícil crise que ele teve que enfrentar.

O governo irlandes queria “ser visto como cooperativo com a investigação” por que seu próprio departamento de educação estava envolvido, mas os políticos relutavam em pressionar os oficiais do Vaticano para responder os questionamentos.

De acordo com a representante de Fahey, Helena Keleher, o governo aceitou as pressões do Vaticano e lhes deu imunidade de testemunhar. Oficiais do governo entenderam que “embaixadas estrangeiras não são obrigadas ou esperadas a apresentar-se perante comissões nacionais”, mas a opinião de Keleher é de que ao ignorar a comissão o Vaticano tornou as coisas piores.

O tekegrama revela que por trás dos panos políticos do governo irlandes tentaram fazer o Vaticano cooperar com a investigação

O Ministro do Exterior, Michel Martin, “foi obrigado a chamar o Nuncio Papal(representante)” para discutir a situação. O embaixador relatou que a irritaçãop com a Igreja de Roma continuou muito alta na Irlanda. em grande parte por causa do acobertamento institucionalizado dos abusos realizado pela hierarquia da Igreja Católica.

Afinal o Vaticano mudou de tática e em 11 de dezembro de 2009 o embaixador afirmou que o Papa tinha uma reunião com o chefe da Igreja na Irlanda. O cardeal irlandes Sean Brady e o arcebispo de Dublin, Diarmud Martin, foram a Roma encontrar o Pontífice, que estava acompanhado de Bertone e quatro outros cardeais.

Ao final do encontro, o Vaticano emitiu uma nota dizendo que o Papa compartilhava  “ultraje, traição e raiva” com os irlandeses católicos que estava rezando pelas vítimas e que a Igreja tomaria providências para evitar que isto acontecesse novamente.

Em março deste ano, Bento enviou uma carta criticando os Bispos irlandeses pelo seu tratamento anterior da crise “graves erros de julgamento foram cometidos e falhas de liderança ocorreram. Tudo isto prejudica seriamente sua credibilidade e eficácia”

Ele também se desculpou com as vítimas “VocÊs sofreram dolorosamente e eu realmente sinto muito. eu sei que nada poderá desfazer o mal que tem suportado. Sua confiança foi traída e sua dignidade violada. É compreensível que vocÊs achem difícil perdoar ou se reconciliar com a Igreja. Em nome desta, eu expresso abertamentea vergonha e o remorso que todos nós sentimos”

Em uma seção entitulada “Algumas lições aprendidas, mas a crise vai se estender por anos”, o embaixador relatou que seus contatos no Vaticano e na Irlanda esperavam que a crise na Igreja Católica na Irlanda durasse anos, por que a comissão tratou apenas das acusações realtivas à arquidiocese de Dublin.

Eles acreditavam que investigações ulteriores acerca de outras arquidioceses levariam, “oficiais em ambos os Estados lamentam, a outras revelações dolorosas”.

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