domingo, 9 de janeiro de 2011

Saber é compreendermos as coisas que mais nos convém

Normalmente não cito as fontes que utilizo para minhas relfexões, e, tão pouco, as sigo com rigor que mereça citação. Contudo, hoje me propus abordar um tema da maior seriedade filosófica e, para tanto, devido as minhas limitações, utilizei como referência o texto “sobre verdade e mentira no sentido extramoral”

Sabe-se que nos séculos XVIII e XIX foi implementado um esforço genealógico a fim de restruturar os alicerces de nossa existência e atingir algo como a consciência de si. Acredito que é chegada a hora de recuperar estes esforços a tanto esquecidos. Neste sentido, me vali de Nietzsche por que estabelece uma das interpretações sobre a verdade de maior ineditismo e profundidade da história do pensamento.

A pergunta pela verdade remete, normalmente, à pergunta sobre o que podemos conhecer. O conhecimento, por sua vez, é a crença de que podemos dizer algo sobre a realidade, ou seja, que as palavras correspondem as coisas que elas designam no mundo. Em última instância, isto significa fazer o mundo girar em torno de nosso intelecto. O conhecimento projeta-se sobre todo universo e, por isto, vê o filósofo em todo ele.

Se é assim, o conhecimento é a arte de dissimular, dissimular o valor da existência do homem. dissimular, segundo Nietzsche, é a arma daqueles que não podem se defender com chifres e garras. Disto se extrai que o conhecimento é fruto de uma pressão pela sobrevivência.

Nesta interpretação a verdade dissocia-se do conhecimento das coisas em si tornando-se um valor utilitário da representação uniformemente válida das coisas. Por isto, só tem relevância em sua referência ao instinto gragário do homem, por outras palavras, não é a mentira que desagrada mas o prejuízo que ela causa.

A linguagem não representa o cerne das coisas mas, tão somente a relação do homem com elas. Estas relações desconsideram o sentido originário, subjetivo, da abertura da realidade por meio de um enquadramento conceitual de um sem-número de situações assemelhadas.

A verdade é, portanto, esquecimento. Enquanto força ativa o esquecimento estabiliza o entendimento das palavras, é o uso repretido que garante a força obrigatória da linguagem. Ela representa um espaço conceitual compartilhado, sempre adstrito a uma comunidade. A verdade é, neste sentido, coletiva e condicionada pelos usos costumeiros.

É por meio da pressão social que o homem, a fim de organizar o mundo e conduzir seu agir, passa a generalizar. A natureza, por seu turno, não conhece gênero. Desta feita, a verdade consiste em uma série de metáforas que conferem a realidade uma estrutura lógica. À realidade socialmente estabilizada contrapõem-se as primeiras impressãos que escapam de qualquer definição, por que anteriores ao estabelecimento da linguagem.

Esta intrincada construção de um edifício conceitual é condição  para o estabelecimento de alguma segurança, paz ou lógica. Contudo tal estruturação demanda o esquecimento de nós mesmos, de nossa condição essencial de artistas. Por outras palavras, da característica que é específica do homem qual seja, criar sentido para a realidade.

Um comentário:

  1. Interessante o tema. Conheço pouco de filosofia, ou quase nada.

    Mas essas perguntas sempre me atormentam:

    1. Afinal, há como estabelecer uma categoria: Verdade ou mentira?
    2. Estabeceler essa categoria é importante, na medida que, se entendi bem, há uma mediação da compreensão dessa categorização, pelo olhar de cada um, e mais, pela utilidade que cada qual dá para o que compreendeu?

    Enfim, esse tema, aparentemente, descolado do post anterior, para mim, estão conectados.

    Afinal, a "normatização" da vida passa por estabelecer essas categorias e impô-las aos demais, ou ao menos, convencer aos demais e fazê-los aderir a essa visão.

    Com toda a simplicidade de minha ignorância no tema:

    Normatizar de forma "positiva" ou "estrutural"?

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...