terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Nós somos internacionalistas – Comunistas no Poder no Nepal

Texto reproduzido do sítio esquerda.net
Eleição ocorreu após patética crise de sete meses, e só foi possível pela aliança de marxistas-leninistas e maoístas, e também devido às mudanças das regras eleitorais.
Artigo | 8 Fevereiro, 2011 - 17:12 | Por Tomi Mori
O novo primeiro-ministro Jhala Nath Khanal, do Partido Comunista do Nepal (Unidade Marxista-Leninista). Foto de Krish Dulal, wikimedia commons
O novo primeiro-ministro Jhala Nath Khanal, do Partido Comunista do Nepal (Unidade Marxista-Leninista). Foto de Krish Dulal, wikimedia commons
A reunião do parlamento nepalês elegeu na sexta-feira Jhala Nath Khanal, do Partido Comunista do Nepal (Unidade Marxista-Leninista) para o cargo de primeiro-ministro. A eleição de Khanal ocorreu após uma longa e patética crise, que durou nada menos do que sete meses, desde que Madhav Kumar Nepal, do mesmo partido, renunciou ao cargo em Junho do ano passado.
Durante esse longo período, Kumar manteve-se como primeiro-ministro provisório, sem que o parlamento conseguisse eleger um novo mandatário, devido à profunda crise política que vive o país. A eleição de Khanal, com 368 votos contra os 122 votos do seu principal oponente, Ram Chandra Paudel, do Congresso Nepalês, só foi possível com o apoio dado pelo Partido Comunista do Nepal Unificado (maoísta), que retirou a candidatura do seu dirigente, Puspha Kamal Dahal Dahal, firmando uma aliança politica com o UML.
O que representa o novo governo
O poleiro continua o mesmo, mas os papagaios mudaram de posição. Essa é a síntese do novo governo nepalês. O anterior governo, encabeçado por Madhava Kumar Nepal, era uma frente popular, rota e em grave crise após a saída dos maoístas do governo, composta pelo UML e o CN (Congresso Nepalês). Durante sete meses, esses senhores, dirigentes dos três principais partidos nepaleses, transformaram o pais num pântano inimaginável, se considerarmos que já estamos no século XXI.
Foram sete meses onde o parlamento se reunia para eleger um novo primeiro-ministro, sem que conseguisse fazê-lo. A eleição só foi possível graças às mudanças realizadas recentemente nas normas eleitorais. Desta vez, sim ou sim, teriam de eleger um novo mandatário, que fez com que essa longa e patética negociação política terminasse com a eleição de Khanal.
Se antes o UML estava aliado ao Congresso Nepalês, agora está no governo aliado ao PCNU, maoísta. Sem duvida, isso representa um mudança. O governo continua a ser uma Frente Popular, já que irá incorporar outros partidos burgueses com menos expressão que o CN. Na prática é uma frente popular mais débil do que a anterior, formada pelos três partidos.
Após a derrota, Paudel, do Congresso Nepalês, declarou que a exclusão do seu partido do governo irá significar um aprofundamento da crise política. Desta vez, somos obrigados a concordar com Paudel, já que mesmo após a eleição da nova frente popular, o que temos no Nepal continua a ser uma crise revolucionária, aprofundada com a poderosa greve geral revolucionária de Maio do ano passado, que paralisou o pais durante vários dias.
O apoio à candidatura de Khanal, do UML, custou aos maoístas do PC do N Unificado uma forte crise, já que o dirigente de sua ala mais à direita, Baburam Bhattarai, opôs-se a essa aliança. Os maoístas vivem uma profunda crise e divisão, já que a disposição das suas bases é seguir o processo rumo à revolução, chocando-se com a posição dos seus dirigentes, que querem, a todo custo, submeter a revolução nepalesa à camisa-de-forças do débil regime democrático nepalês.

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