Enquanto estou aqui escrevendo este texto jovens, amigos e até desconhecidos se preparam para o congresso da UNE e para o Encontro de Blogueiros. Estes dois movimentos representam, hoje, um sentimento mudancista que imperou de 2002 até aqui significam um dizer não às práticas velhas e corroídas de um lado acerca da exploração e desvalorização da juventude, consequentemente do Brasil e de outro à sistemática negativa à participação popular na construção de sua identidade por meio dos monopólios da construção da opinião pública.
Como todo movimento mudancista estes também estão eivados de perigos e, paradoxalmente, agora não se trata mais de derrotar aqueles que nos escravizaram, mas sim da canhestra adesão à um projeto que, por assim dizer, não é projeto. Trata-se, claramente, de derrotar nossas próprias contradições em direção à formação de uma identidade nacional renovada e à formulação de um projeto de cidadania. O que está em jogo são os conteúdos de nossos valores, ou seja, seu sentido prático.
Neste influxo a juventude cumpre papel determinante pois dela surge o envio de um destino, num sentido não determinista, que pode garantir um salto de compreensão que possa nos colocar de frente com nossas próprias contradições a fim de que impulsos conservadores não passem desapercebidos. Nela guardamos nossas esperanças de combate às práticas de uma (falsa) vitória pragmática que possa nos recolocar no centro da política e para isto devemos prepará-la.
Não importa se são velhas ou novas práticas, falsificações ou fraudes, a garantia dos direitos e a construção de uma sociedade justa e solidária passa inevitavelmente pela organização legítima, coerente e direcionada de um projeto democrático. Para tanto, é indispensável assegurar a construção de um projeto soberano e pluralista. Este deve ser nosso compromisso, por mais que tenhamos que combater antigos companheiros ou mesmo perder alguns espaços.
A juventude e à modernidade passamos a bandeira e a tarefa de cumprir as promessas de outrora confiamos plenamente na sua dignidade e na sua capacidade de inovar mas sabemos também que é necessário preparo e discernimento. Em suma é indispensável realizar o salto da pragmaticidade para o pensamento que orienta e protege nossa humanidade, retirando assim do retraimento nosso destino e nosso futuro de homens livres.
Desmistificar antigos cânones é nossa tarefa e, por isto, cumpre compreender nossa condição. Só é possível superar uma filosofia realizando-a, disse Marx, Nós dizemos esta é a hora e a vez de novamente pormos as mãos sobre nossas vidas e garantir a concretização de nossos direitos. Vamos ao combate em todas as frentes e em todas elas sairemos vencedores se tivermos clareza sobre quem somos e o que deve ser feito.
Saúdo, com este pequeno alerta, a todos que constroem as condições para um mundo melhor onde humanos possam se desenvolver como tal.
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