sexta-feira, 20 de maio de 2011

Fogo Amigo

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O que dizer da “consultoria” prestada pelo Palocci enquanto deputado? Bom, ela veio bem a calhar para todos! Bem sabemos que as hordas de direita e de esquerda só tem a lucrar com a sua derrubada. Uns por que encontram seu primeiro respiro em meses de disputa fratricida, mais um fato político que pode servir de condutor para uma reorganização de suas bases moralistas, e outros por que, todsos sabemos, ele é tido como o fiador da política “austera”, na minha opinião temerária, de juros altos e freio ao desenvolvimento.

Ocorre que,  de fato, o que está em jogo aqui, descartando o respiro da direita, por que nada traz de novo a não ser a ilusão, sempre vinda a calhar, de que Dilma não é Lula, é o segundo ponto. Palocci de fato representa um modelo político que transita no que Bobbio bem definiu de política nem/nem, ou seja, nem de esquerda nem de direita. O modelo (austero) que ele blinda é um modelo de desenvolvimento reacionário e avesso a projetos de longo prazo por que um modelo em que as reformas estruturais da democracia brasileira (federalismo, tributação, participação) são deixadas de lado.

Mais uma vez vemos soluções antigas mascaradas como novas, enquanto o que temos até agora é mais do mesmo. Será este o limite petista? Distribuição de renda? Será realmente necessário escolher entre endividamento público ou desenvolvimento? É isto que parece representar a figura de Palocci se a relacionarmos com sua significatividade no jogo político. Parece explicita a contradição, um partido de esquerda (?) abriga em si as mesmas contradições sobre o caminho para o Brasil que guarda a significatividade do campo econômico, decorrente, por óbvio, do modo como estruturamos o mundo.

A potência hoje em jogo precisa de fato de um novo ator capaz de romper este campo significativo instaurando uma nova realidade, precisa encaminhar o país para um projeto de longo prazo, que, como vemos, não existe no ideário petista. Definir significados políticos e culturais é o primeiro passo para que se possa pensar no rompimento deste modelo binário (ou/ou) instaurado no campo da significativo da economia.

Assim, de fato justifica-se o fogo amigo, pela derrubada do ministro, enquanto não for aberto este novo campo, por que o consenso significativo econômico, hoje, é de que o desenvolvimento reacionário por meio do endividamento público está esgotado tanto quanto a austeridade que ele (Palocci) representa. Quais respostas temos a este problema? Derrubar o Palocci e voltar ao mesmo campo desenvolvimentista (por endividamento), como se ele (Palocci) fosse o adversário? Fechando os olhos que não se trata de Palocci ou não Palocci, mas do esgotamento de duas potências em disputa que já sintetizaram seus limites de significatividade útil ao desenvolvimento do país.

Um comentário:

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