Em “fogo amigo” disse que o problema político não é um problema nominal mas sim estrutural. Tal fato fica retraído no modo de apresentar a política para o povo nos meios de comunicação, onde se investe contra a vida particular das pessoas e confunde-se pessoa pública com pessoa privada como se a primeira fosse obrigatoriamente a antitese da segunda, como se ser uma pessoa pública significasse abrir mão de parcela de seus direitos civis.
Contudo, minha tese mostrou-se verdadeira, o PT me fez este favor ao rifar nomes em troca de estruturas, enquanto a mídia faz questão de manter o problema na primeira parte do binômio, que como disse é só a manifestação de um modo de autocompreensão e autorreprodução da política patrimonialista brasileira, eu prefiro perceber que o que está em jogo é um projeto de hegemonia.
Por outro lado, clamo desde antes do início do governo Dilma por reformas no Estado e pela ampliação da democracia. Tenho, outrossim, a consciência de que para tanto são necessários novos atores, afinal perdemos nosso fiador da aliança capital/trabalho que, não importa o que achem os setores do PT e mesmo o direcionamento de meu partido, está chegando à seus limites.
Ora, não é que este ator veio? Este ator é Dilma Roussef que esta semana em duas tacadas mostrou que detém as rédeas de seu governo e frustrou os planos de seu partido em ver o inábil Vacarezza nas relações institucionais, fortaleceu a presença das mulheres com a figura de Gleisi Hoffmann. Aqui ainda nos movimentamos nas esferas dos nomes, ou seja, no modo superestrutural da realização da política brasileira. Contudo, o modo como a escolha foi tomada e, a ser confirmada, a derrota do inútil Vacarezza revela um pouco mais do que os nomes propriamanete ditos mas a disposição da Presidenta de ser ela a fiadora do pacto capital/trabalho.
Isto, para nós de esquerda é positivo, por que esperamos que por sua trajetória Dilma se coloque numa posição de construir um projeto e rechace os ímpetos hegemonistas de seu partido. Se o fizer além de garantir uma boa governança para o país ensinará uma dura lição ao PT sobre a diferença entre ser hegemônico e ser hegemonista; entre ter um projeto de poder e ter um projeto de país! Tais lições farão a diferença sobre se ficaremos sob a batuta de Lula ou se enfim estamos prontos para criar uma nova geração de lideranças capazes de derrotar a direita e elevar o pacto social em direção à um socialismo democrático.
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