terça-feira, 26 de julho de 2011

Dissecando corpos

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Infelizmente fiquei sem internet no sábado e no domingo, o que inviabilizou minha participação na blogagem coletiva sobre educação, mas como sempre se diz antes tarde do que nunca então decidi fazer, extemporaneamente um post sobre a educação. Confesso que também não foi dos temas mais fáceis de pensar sobre o que escrever, não pela falta de assunto mas pela gama deles que poderiam ser abordados.

A educação enquanto processo social segue um paradigma, o da aplicabilidade. Neste sentido o que vemos é surgir uma gama de cursinhos que nas diversas áreas voltam-se para cumprir algum objetivo social, seja passar no vestibular, passar no exame da ordem, entrar no mercado de trabalho, etc. Mas, será mesmo esta a função da educação? É esta a educação que queremos para os nossos jovens?

Ora, não se trata de questionar este paradigma posto que ele é o ser de um tempo, ou seja, é o modo pelo qual estruturam-se os conteúdos de consciência de um determinado tempo em sua parcela socialmente compartilhada. Isto decorre de necessidades práticas e de estruturas sociais exigentes e rigorosas que coagem e constrangem nosso ser. Mais do que isto, não sabemos ser diferentes disto, este ser técnico, frise-se, é o ser deste tempo, ou seja, lhe é essencialmente conectado.

Contudo, isto não significa que tal paradigma seja adequado, no sentido de verdadeiramente constituinte, num sentido essencial de nosso ser. Então temos que tal paradigma constitui o ser de um tempo, que se manifesta na determinação interpretativa de uma realidade enquanto modelo básico compartilhado, mas não é de modo algum constitutivo de nosso ser em geral. Tal fato é provado pela existência histórica de outros modos de ser.

Desta feita, o que se percebe é que na verdade este paradigma não consiste num educar em sentido próprio, mas tão somente no ensino ostensivo de uma forma de ser que se apresenta como adequada. Ainda, deve-se consignar que é possível questionar tal paradigma ao voltarmos para nossa própria estrutura constitutiva e perceber que tal modo de ser só impropriamente pode ser considerado como um conteúdo constitutivo adequado.

Por fim, não fecharei tal discussão mas somente apresento a possibilidade de que a educação seja algo assim como dissecar corpos, ou seja, um aviar-se da memória por meio de um processo em que descobrimos os elementos constitutivos de nossa realidade e ao mesmo tempo podemos analisar escorreitamente como nossos anteriores pensaram.

Neste processo, é possível que ocorra uma apropriação crítica do acontecimento de nosso próprio existir e, doravante, possamos nos olhar no espelho e chamar homens novamente confirmando nossa condição privilegiada em relação a realidade que há muito foi esquecida. Esta, no meu entendimento é a função da educação, fundar uma “escola da dúvida” onde possamos, enfim, ser novamente humanos, demasiadamente humanos.

Um comentário:

  1. Em primeiro lugar desculpe a demora! Concordo com vc dessa vez,(aleluia!) qdo eu fiz academia do concurso para passar no trt o professor fazia questão de repetir 500 vezes que não estava ali para nos ensinar como fazer nosso trabalho e sim para no ensinar a passar na prova, eu acho isso um absurdo! Outro absurdo ligado a esse tipo de concurso e ensino é que desvaloriza algumas profissões em prol de outras. Pq trabalhar para o governo tem que ser a prioridade?

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