domingo, 25 de setembro de 2011

A música sem memória

Paremos um instante! Vamos deixar a histeria de lado, ou talvez ela nos deixe de lado para que a história possa voltar. De fato “há cada vez mais música, dezenas, centenas de vezes mais do que já houve em suas épocas mais gloriosas”, mas que isto significa?

Nestes últimos dias fomos assolados pelo fenômeno, midiático, do rock in rio. Mas que haja música e que haja histeria só pode significar uma coisa que a música e sua história estão à um passo do seu fim. Catastrófico, não? Não pretendo que a música esteja no seu fim, nem tampouco que a história esteja no seu fim, mas tão somente que a histeria que se faz hoje significa que a história da música enquanto história de um modo de ser, de uma sociedade e do espírito de um tempo, parece não ter qualquer memória, qualquer sentido.

Por isto a menção de Kundera às épocas gloriosas não é somente um eufemismo ou conservadorismo, bem como não se trata de caturrice de quem quer reviver o passado. Por outro lado representa certamente a visão de quem percebe que a cada vez que dizemos adiante mergulhamos no esquecimento do que passou.

A partir de então podemos falar deste rock in rio, de um tempo onde o que passou é relembrado sem memória, sem significado. É significativo perceber que os astros de hoje são os mesmos do passado e que os novos astros representam uma música, idiota. Uns e outros nada mais tem a dizer, nada mais significam, salvo se por significar pudermos nomear a histeria, o efêmero, o produzido (pela mídia). De qualquer modo jamais a catarse, a memória ou sequer a descoberta de novas possibilidades e de um futuro.

Assim, a única conclusão que posso chegar é uma cópia da percepção do mencionado autor: “hoje a música voltou ao seu estágio inicial. É o estágio depois da última interrogação, de depois da última reflexão, o estágio de depois da história”. Explico, o estágio da total histeria e do esquecimento. Então, ainda uma vez, paremos um instante! Deixemos a histeria, criada pela mídia, de lado e talvez nos avie a memória e possamos, ainda uma vez, cantar e sonhar com o novo que não se esquece de onde veio e pra onde irá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...