domingo, 6 de novembro de 2011

Que será que ele quer dizer com isto?

O nosso prefeito, já conhecido pelas suas proezas verbais, agora quer “newyorkizar” a mangueira, ahn? (bom foi o que eu fiz quando li, e se você não fez o mesmo vá embora agora, muito provavelmente você não tá no lugar certo). É verdade, ele quer “newyorkizar” a mangueira, sem acabar com o samba é claro.

O que ele quer dizer com isto? que ele fará da mangueira um lugar sujeito à especulação imobiliária? Que em vez dos tradicionais ensaios na quadra teremos espetáculos (caríssimos) de samba? Que nossa história vai ser leiloada? Que transformará um dos redutos históricos de nossa cidade em alguma homenagem (moderna, claro) à processos de outro país?

Olha não sei o que ele realmente quis dizer com isto mas não me parece nada bom. Primeiro por que a referência a uma estrutura estrangeira geralmente não é um bom referencial. Precisamos buscar soluções que se adequem a nossa realidade econômica, espacial, cultural, política, etc.

Segundo, por que num sentido mais ”brando”, que ele mesmo afirma, ou seja, de “glamourizar” o Rio irá  destruir o mesmo elemento que nos faz tão conhecidos no mundo, quais sejam, nossa ginga, malemolência, descontração. E isto me faz realmente perguntar que este prefeito tá falando?

Terceiro por que o referêncial que ele utilizou é uma cidade cujo projeto não chegou a bom termo, com altos índices de exclusão social, altos custos, serviços de baixa qualidade, segregação espacial, isto para não falar da crise que se abateu sobre seus imóveis e é consectária da crise sistêmica que vivemos hoje.

Seja lá o que ele quis dizer com isto, só uma coisa pode ser concluída: Paes pretende continuar sua investida liberalizante contra nossa, já caótica, cidade e mais não tem se quer mais o pudor de esconder isto de nós.

sábado, 5 de novembro de 2011

Crise e Revolução

Na minha opinião as palavras crise e revolução andam juntas e, até o presente momento, é o que a crise capitalista vem provando. Ora, isto não significa que a crise, que hora é do capitalismo, seja sempre de indole revolucionária ou mesmo que a revolução seja sempre tomada em um sentido marxista.

A crise na Europa, como já se disse à exaustão, é de índole retroativa, ou seja, tem uma índole que visa desregular e deslegitimar qualquer manifestação popular ou exemplo de soberania em relação àqueles que se despersonificam em interesses. A “revolução” na Líbia é também de índole retroativa onde se deslegitima um governo democrático em favor dos mesmos interesses despersonificados".

Por outro lado, no Brasil e na China por exemplo a crise assume um caráter de oportunidade e àquilo que se aproxima de um movimento contestatório, movimento contra a corrupção, assume caráter regressivo. Isto por que a agenda do desenvolvimento social, econômico e político que verdadeiramente poderia dar algum sentido político à luta contra a corrupção é entravada por esta mesma luta.

Todos aqueles que andam juntos carregam, inerentemente consigo, uma contradição e uma harmonização me parece então que também é assim entre crise e revolução. Neste sentido onde a crise é tomada por medidas retroativas suas causas são associadas ao Grande Capital enquanto onde ela é associada a possibilidades futuras a grande opressão é vista como problema do governo. Tome-se, por exemplo, os casos de EUA e Brasil

Isto se dá por que onde a crise é resultado da espoliação as manifestações não podem mais cobrar somente do governo por que este, despojado de sua soberania, não tem mais autonomia para tomar todas as decisões sozinho. Por outro lado, onde a crise é uma oportunidade de futuro a agenda da crise só interessa àqueles que não tem futuro.

Por fim, o que eu pretendi exaltar é que, conforme o caráter específico da crise, ela guarda uma relação diferente com a idéia de revolução e, num mundo complexo, como o nosso é preciso um pouco mais de consequencia, de paciência antes de sair bradando por aí reclamando dos problemas da vida.

domingo, 25 de setembro de 2011

A música sem memória

Paremos um instante! Vamos deixar a histeria de lado, ou talvez ela nos deixe de lado para que a história possa voltar. De fato “há cada vez mais música, dezenas, centenas de vezes mais do que já houve em suas épocas mais gloriosas”, mas que isto significa?

Nestes últimos dias fomos assolados pelo fenômeno, midiático, do rock in rio. Mas que haja música e que haja histeria só pode significar uma coisa que a música e sua história estão à um passo do seu fim. Catastrófico, não? Não pretendo que a música esteja no seu fim, nem tampouco que a história esteja no seu fim, mas tão somente que a histeria que se faz hoje significa que a história da música enquanto história de um modo de ser, de uma sociedade e do espírito de um tempo, parece não ter qualquer memória, qualquer sentido.

Por isto a menção de Kundera às épocas gloriosas não é somente um eufemismo ou conservadorismo, bem como não se trata de caturrice de quem quer reviver o passado. Por outro lado representa certamente a visão de quem percebe que a cada vez que dizemos adiante mergulhamos no esquecimento do que passou.

A partir de então podemos falar deste rock in rio, de um tempo onde o que passou é relembrado sem memória, sem significado. É significativo perceber que os astros de hoje são os mesmos do passado e que os novos astros representam uma música, idiota. Uns e outros nada mais tem a dizer, nada mais significam, salvo se por significar pudermos nomear a histeria, o efêmero, o produzido (pela mídia). De qualquer modo jamais a catarse, a memória ou sequer a descoberta de novas possibilidades e de um futuro.

Assim, a única conclusão que posso chegar é uma cópia da percepção do mencionado autor: “hoje a música voltou ao seu estágio inicial. É o estágio depois da última interrogação, de depois da última reflexão, o estágio de depois da história”. Explico, o estágio da total histeria e do esquecimento. Então, ainda uma vez, paremos um instante! Deixemos a histeria, criada pela mídia, de lado e talvez nos avie a memória e possamos, ainda uma vez, cantar e sonhar com o novo que não se esquece de onde veio e pra onde irá.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Dissecando corpos

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Infelizmente fiquei sem internet no sábado e no domingo, o que inviabilizou minha participação na blogagem coletiva sobre educação, mas como sempre se diz antes tarde do que nunca então decidi fazer, extemporaneamente um post sobre a educação. Confesso que também não foi dos temas mais fáceis de pensar sobre o que escrever, não pela falta de assunto mas pela gama deles que poderiam ser abordados.

A educação enquanto processo social segue um paradigma, o da aplicabilidade. Neste sentido o que vemos é surgir uma gama de cursinhos que nas diversas áreas voltam-se para cumprir algum objetivo social, seja passar no vestibular, passar no exame da ordem, entrar no mercado de trabalho, etc. Mas, será mesmo esta a função da educação? É esta a educação que queremos para os nossos jovens?

Ora, não se trata de questionar este paradigma posto que ele é o ser de um tempo, ou seja, é o modo pelo qual estruturam-se os conteúdos de consciência de um determinado tempo em sua parcela socialmente compartilhada. Isto decorre de necessidades práticas e de estruturas sociais exigentes e rigorosas que coagem e constrangem nosso ser. Mais do que isto, não sabemos ser diferentes disto, este ser técnico, frise-se, é o ser deste tempo, ou seja, lhe é essencialmente conectado.

Contudo, isto não significa que tal paradigma seja adequado, no sentido de verdadeiramente constituinte, num sentido essencial de nosso ser. Então temos que tal paradigma constitui o ser de um tempo, que se manifesta na determinação interpretativa de uma realidade enquanto modelo básico compartilhado, mas não é de modo algum constitutivo de nosso ser em geral. Tal fato é provado pela existência histórica de outros modos de ser.

Desta feita, o que se percebe é que na verdade este paradigma não consiste num educar em sentido próprio, mas tão somente no ensino ostensivo de uma forma de ser que se apresenta como adequada. Ainda, deve-se consignar que é possível questionar tal paradigma ao voltarmos para nossa própria estrutura constitutiva e perceber que tal modo de ser só impropriamente pode ser considerado como um conteúdo constitutivo adequado.

Por fim, não fecharei tal discussão mas somente apresento a possibilidade de que a educação seja algo assim como dissecar corpos, ou seja, um aviar-se da memória por meio de um processo em que descobrimos os elementos constitutivos de nossa realidade e ao mesmo tempo podemos analisar escorreitamente como nossos anteriores pensaram.

Neste processo, é possível que ocorra uma apropriação crítica do acontecimento de nosso próprio existir e, doravante, possamos nos olhar no espelho e chamar homens novamente confirmando nossa condição privilegiada em relação a realidade que há muito foi esquecida. Esta, no meu entendimento é a função da educação, fundar uma “escola da dúvida” onde possamos, enfim, ser novamente humanos, demasiadamente humanos.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Blogagem Coletiva – Um desafio para os blogueiros progressistas

A menina das ideias do diários de bordo, conforme definiu a pandora, propôs uma blogagem coletiva sobre Educação da qual participarei, no dia 23 de julho, ou seja, neste sábado. O tema é relevante e justifica a definição da pandora. Na semana seguinte a que Daniel Iliescu foi eleito presidente da UNE cumpre, de fato, a nós estudantes provarmos que a UNE somos nós e apresentarmos idéias e ideais para o desenvolvimento do país, e qual melhor meio do que falar de Educação? Então fica o convite.

Mas este post se dedicará a falar da blogagem coletiva, ora com a pujança do movimento dos blogueiros acredito que devamos ter uma atuação mais coordenada estabelecendo paradigmas que façam com que nosso movimento seja ouvido e possa ser propositivo. Por isto, acredito que nosso movimento pode ganhar, e muito, se doravante adotarmos calendários semanais de blogagens coletivas sobre os temas indispensáveis para o desenvolvimento de nosso país.

Desta forma seremos capazes de avançar para além dos nomes já conhecidos e respeitados da blogosfera  ampliando nossa capacidade de influenciar os rumos de nosso país. Fato é que nem todos temos tempo, a disposição ou mesmo a possibilidade para militar cotidianamente na prática política, mas podemos, por outros caminhos, participar ativamente da vida política de nosso povo, apresentar soluções e, conseqüentemente, criar um movimento propositivo que escape ao dissenso pelo dissenso, mas ao contrário valorize uma organização horizontal onde cada um de nós seja orientado pelas demandas reais de nossa sociedade.

É um fato que o desenvolvimento de cada um dos blogs que se colocam nas fileiras da blogosfera progressista é um grande ganho para a pujança de nosso movimento. De tal sorte que, friso, precisamos avançar para além da valorização daqueles blogueiros já estabelecidos e bem conceituados e impôr uma prática democrática que reflita àquilo que esperamos da sociedade em termos comunicacionais, ou seja, a emissão de todos os argumentos possíveis e relevantes para o estabelecimento de consensos políticos. Comecemos tal tarefa  então pela blogosfera progressista, façamos deste espaço mais que um espaço de notícias mas também um espaço de formulação, dia 23 vamos todos Blogar sobre EDUCAÇÃO e mais vamos estabelecer um calendário para continuarmos blogando coletivamente sobre diversos temas.

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